domingo, 5 de outubro de 2014

A estrutura do território

[Linha do Tua 67] O traçado ferroviário continua a acompanhar a ribeira de Carvalhais, no entanto esta é já apenas uma pequena linha de água de reduzida pendente. Desde um pouco antes da estação de Cortiços que a Linha do Tua abandonou, definitivamente, os vales encaixados de declive acentuado. Este novo troço terá sido de construção mais fácil, já que o grande problema do caminho-de-ferro para Bragança era a penetração até este planalto elevado. O topónimo Trás-os-Montes designa uma extensa região bordejada a norte e a nascente pela fronteira com Espanha, a sul pelo vale do Douro, a poente por um conjunto de montanhas que estão na origem da designação desta região. As serras do Marão e do Alvão constituem, de facto, uma barreira que num passado não muito remoto era muito difícil de transpor, devido às suas elevadas pendentes. O vale do Douro era o oposto: um rio de acentuada horizontalidade. Em Barca de Alva, a cerca de 100 quilómetros do mar, a altitude do vale não ultrapassa os 120 metros. O Douro chama a si uma série de tributários, que dificultam ainda mais a escolha de itinerários de acesso a este território. O rio Tâmega antecede a cordilheira do Marão e do Alvão e, sucessivamente, os vales do Corgo, do Tua e do Sabor, todos sensivelmente com a direção nordeste-sudoeste – por curiosidade, em todos foi construída uma via-férrea para tentar resgatar Trás-os-Montes do seu isolamento. Esta situação geográfica foi uma condicionante do carácter e da cultura singular da população transmontana.

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