segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Terras agrícolas

[Linha do Tua 77] Não temos, nesta paisagem, o carácter de montanha e de clima agreste da Terra Fria, que se desenvolve a norte de Bragança. No entanto, abandonamos progressivamente as temperaturas elevadas da região de Mirandela. A proximidade da serra da Nogueira traz consigo algumas culturas agrícolas, como a batata, o centeio e outros cereais pouco frequentes na Terra Quente, mas continuamos a observar, se bem que de uma forma mais dispersa, a vinha, a amendoeira, a figueira e outras fruteiras, e a oliveira que nos acompanha desde o início do itinerário. Tudo isto acontece em parcelas relativamente pequenas, por vezes delimitadas por muros de pedra ou por alinhamentos de árvores ou arbustos. Para compor este mosaico, encontramos galerias ripícolas junto às linhas de água, muitas vezes bastante ricas em fauna e flora. Estas terras, que observamos em longos horizontes a partir da linha-férrea, apresentam um aspeto cuidado, mas não deixam de mostrar, a um olhar mais atento, alguns sinais de abandono. É uma paisagem dependente do trabalho agrícola de uma população cada vez mais envelhecida, que tende a desaparecer. As parcelas de pequena dimensão, associadas à subsistência de quem as cultiva, sem uma estrutura de organização coletiva, são uma condicionante deste mosaico de grande mas frágil riqueza. Muitas vezes, as parcelas agrícolas de pequena e média dimensão são explorações familiares não especializadas e albergam culturas diversificadas, não raro trabalhadas pelos seus proprietários em regime de fim-de-semana, porque a sua atividade principal reside nos aglomerados urbanos.

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