quarta-feira, 24 de junho de 2015

Chafariz das Portas de Moura

[pst 018]  No ano de 1960 Jaime Cortesão responde ao convite de um amigo para visitar algumas regiões do Sul, seduzido "pela necessidade de interpretar a história à luz direta da geografia". Sai de Lisboa por Vila Franca, atravessa o Tejo e a Lezíria, cruza o território alentejano. "E de súbito Évora, sob o tenebroso meteoro, aparece e desdobra-se numa visão que acentua e transcende o real. A cidade caiada de fresco, como é de hábito às vésperas de S. João, radia a sua brancura de espectro milenário. Ressalta nitente de alvura, contra a massa de treva que a envolve. Ganha relevo luminoso e táctil, que confunde e ofusca a vista. O olhar abre-se com pasmo delicado. Será sonho ou realidade? Ilusão dos olhos cansados de aridez? Miragem de charneca? Mas não; o que temos em frente é o próprio espírito revelado da cidade, graças ao acaso daquela hora inefável." (Jaime Cortesão, Portugal - a Terra e o Homem).
17. Chafariz das Portas de Moura — Évora. 4 de abril de 1996.

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