domingo, 10 de julho de 2016

Navio solitário

[pavilhão 09] Inventamos texturas, objetos, planos e desenhos, registamos o mundo que nos rodeia, não será para fixar um tempo que, constantemente, nos empurra para a frente, mas para jogarmos com a realidade, criamos cidades dentro de cidades. Percorremos as imensas florestas desertas, petrificadas, aquáticas, nelas lemos jogos de transparências, ilusões de realidade. Procuramos a regra e a norma, desenhos mínimos, sínteses plenas. Tudo continua a fugir numa velocidade acelerada, movimento vertiginoso, explodido em espaços multidimensionais. E a vida humana é fragmento de um carrocel que inventámos, que inventamos, de que tentamos perceber o movimento. Selecionamos palavras, objetos, memórias límpidas e estranhas que transportamos connosco, epidérmicas. Arquiteturas dentro de arquiteturas dentro de arquiteturas. Navio solitário na tempestade do inverno quente. Céu limpo, estrelas que nos puxam para mundos luminosos que havemos de conhecer. Reinventamos o movimento.
 
Agripina Minor. Museu de Faro. Faro. 2004
 

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